sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Pegadas



Atravesso a rua, e o sinal está fechado.
O trajeto é interrompido por esbarrões, mas não paro...
O vento bagunça os meus cabelos, e eu o ajeito.
Sento num banquinho da uma praça qualquer
E observo os olhares inconstantes,
Sem direções certas, medos,
Felicidades externas com olhares odiosos... Isso eu ignoro.

Olho para o meu relógio e vejo que já esta tarde.
Levanto-me e caminho,
Minha direção é certa,
Na volta estilhaços de vidro no chão
E no reflexo da chuva que começou a cair,
Vejo que o meu olhar não é diferente de ninguém,
Então me calo e volto para a realidade que me persegue,
Olho para trás e só vejo pegadas...



Lu Monteiro
06/2003

Dramático




O que será de mim?
O que será de minha alma e
De toda a minha existência
Sem o néctar de seus lábios colossais?
Não eram eles que morriam nos meus?
Beijo então o acaso que o fez passar por mim...
Os bilhetinhos melosos cansei de escrever.
Com estas palavras me despeço: “jaz aqui, o coração
De uma poeta cansado de esperar os beijos teus.”
Dramático, mas foi o que senti.
Lu Monteiro
06/2003

Gritos


Eu te aceitei...
... Não me toquei...
Calei-me... Iludi-me.
Eu te amei, te idolatrei e me perdi;
Eu não me amei...
Eu gritei!
Libertei-me;
Encontrei-me;
Disse-te adeus e acordei.
Eu te chutei;
Eu não chorei.
Eu estou feliz! Eu viverei, mas para ti... Jamais!
Se não ouviu, repetirei: A-d-e-u-s!
Não te amo mais...

Lu Monteiro
06/2003

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

O que for




Amor, o que é essa dor?
O que preciso fazer para torná-lo mortal?
Meu gosto já não é gosto
E eu nem sei o que isso é...
Talvez gosto doce, ou
Amargo de pensar que o tenho.
Retorno a perguntar: - o que é o amor?
É perigoso se perguntar, eu sei,
Pois o sinto penetrar em meus
Mais inacessíveis desejos: amar por
O sentir, e ser amada por o enxergarem em mim.
Eu não sei se ele realmente é a felicidade
Como para muitos lhe parece,
Mas para mim, que sou poeta,
Ele ainda não se mostrou.
Se algum dia eu acreditei o achar,
Ele veio em dor, e talvez,
Por esse motivo,
Eu ainda o descreva pensando que
Seja um tesouro causador de sofrimentos,
E finja que ele possa viver
Embaixo do meu travesseiro,
E sendo o que for, achar que é amor.
Lu Monteiro
06/2003